Os riscos da disseminação de notícias falsas na internet dominaram o debate sobre “Fake News e Democracia”, organizado pelo Conselho de Comunicação Social (CCS) do Congresso Nacional, em Brasília.
A discussão foi conduzida com o objetivo de esclarecer o cenário de produção de notícias falsas na internet, especialmente com a proximidade de 2018, quando o Brasil terá eleições majoritárias. A principal preocupação está nas notícias divulgadas como se fossem fatos verdadeiros, ou com conteúdos inventados para prejudicar alguém ou uma organização.
Para Frederico Meinberg Ceroy, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Digital, as redes sociais são ‘máquinas de viciar’, e para combater as notícias falsas, o antídoto é a mídia tradicional e a educação da população para que saibam reconhecê-las. “Deve-se criar o sentimento de confiança por meio da construção de um relacionamento sólido com o leitor”, afirma.
Segundo o fundador e sócio da Bites, Manuel Fernandes, a produção de fake news não é em vão e seu crescimento nos obriga a conviver com a ‘poluição de informação’. Fernandes afirma que, em 2020, o volume de notícias falsas será muito maior que o de notícias verdadeiras. “Eu me tornei um especialista, um caçador de fake news, e posso afirmar: quem a faz tem um propósito, seja ele financeiro ou ideológico, necessita de recursos ou recompensas para ter um resultado, e sempre utiliza internet e redes sociais. Quem produz uma notícia falsa entende bem a dinâmica do Google e usa esse recurso para ser visto. Em meus estudos, o fluxo do site com conteúdos fraudulentos vem, basicamente, de redes sociais”, diz.
O diretor geral da ABERT, Luis Roberto Antonik reforçou a importância de criação de regulamentações para punir quem produz notícias falsas. “Você tem que ter a responsabilidade pelo que você publica”, lembrou.
Para Patrícia Blanco, presidente do Instituto Palavra Aberta, “nos tornamos cidadãos-repórteres”. “Como já afirmou a ministra Carmen Lúcia, saímos da era da invasão de privacidade para entrar na era da evasão de privacidade. Com um celular na mão e uma ideia na cabeça, todos compartilham o que querem, da forma que quiserem. Nesta era da pós-verdade, que é quando as crenças e ideologias superam os fatos, quando há manipulação da opinião pública, temos que combater da forma que podemos”, explicou.
Guilherme Alpendre, secretário executivo da ABRAJI, deu exemplos de como impedir a disseminação de notícias falsas no dia a dia. “Todo mundo tem um parente que compartilha notícias falsas e que, na maioria das vezes, é falta de leitura. Alerte este parente! E quando vir uma notícia falsa divulgada em redes sociais, denuncie o conteúdo na própria mídia social”.
O encontro teve a presença do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, do ministro da Justiça, Torquato Jardim, do presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira, e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Veículos de comunicação adotam ações para combater notícias falsas
Desde que o Dicionário Oxford elegeu, em 2016, “pós-verdade” como a palavra do ano, os debates sobre como combater a proliferação das notícias falsas se intensificaram.
A desinformação promovida no ambiente digital (redes sociais, WhatsApp, caixa de comentários, blogs e sites) preocupa o jornalismo profissional, que apura e informa, e tem compromisso com a veracidade dos fatos.
O jornalismo profissional brasileiro é considerado um dos mais respeitados do mundo, por sua seriedade e credibilidade. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Reuters, dos 36 países analisados, o Brasil é o segundo que mais confia nas notícias veiculadas pela mídia. Fica atrás apenas da Finlândia. Dos entrevistados brasileiros, 60% acreditam que as notícias informadas pelos veículos de comunicação têm credibilidade.
“Esse número reafirma a importância do jornalismo sério que é desenvolvido no Brasil”, afirma o diretor geral da ABERT, Luis Roberto Antonik.
Como exemplo do jornalismo de credibilidade, em apenas um ano, 31 reportagens da RBS, grupo de comunicação do Rio Grande do Sul, motivaram a abertura de 29 apurações de órgãos públicos, como Polícia Federal (PF), Ministério Público (MP) e Ministério Público de Contas.
“O jornalismo profissional feito com seriedade mostra um resultado como esse, auxiliando órgãos públicos na apuração de eventuais denúncias.”, ressalta Antonik
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