Em depoimento à CPI dos Transportes Coletivos na Câmara de São Paulo, Paulo Stark admitiu a possibilidade caso seja comprovada a formação de cartel
O presidente da Siemens Brasil, Paulo Ricardo Stark, disse nesta
quinta-feira, 10, em depoimento na CPI dos Transportes Coletivos da
Câmara Municipal de São Paulo, que a empresa está disposta a ressarcir
os cofres públicos caso fique comprovada a existência de cartel em
licitações do Metrô e da Companhia Paulista de Transportes
Metropolitanas (CPTM), do qual ela foi a delatora.



Depoimento de Stark não satisfez vereadores
O executivo afirmou contudo, que a Siemens "não é ré confessa" por
ter denunciado o esquema ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) e que as investigações internas não identificaram pagamento de
propina a autoridades e políticos paulistas, embora as investigações
apontem a existência de planilhas com nomes e valores pagos pela
empresa.
"A Siemens está disposta a discutir acordo para ressarcimento de
eventuais danos causados aos cofres públicos no momento em que os
indícios apresentados fiquem comprovados pelas autoridades competentes",
afirmou Stark, após ser exaustivamente pressionado por vereadores a
prometer um acordo com a Prefeitura e o governo estadual.
Os parlamentares alegaram que na Alemanha e nos Estados Unidos, onde a
Siemens também é investigada por formação de cartel, foram pagos ao
todo mais de US$ 1,6 milhão de reparo aos governos locais antes mesmo do
término da apuração.
"Como esse ressarcimento já foi feito na Alemanha por que não fazem
com os latinos aqui?", indagou o vereador Milton Leite (DEM). "Vocês
saquearam os cofres públicos e vão ter de devolver o dinheiro",
completou
Stark depôs como testemunha por mais de quatro horas. Deixou de
responder a inúmeras perguntas alegando não ter conhecimento de
contratos antigos, já que assumiu a presidência da Siemens em outubro de
2011, ou obediência ao pacto de sigilo no acordo de leniência feito com
o Cade, em maio, já que a Siemens é a delatora do esquema.
"A Siemens não é ré confessa. A Siemens apurou indícios de possível
formação de cartel que deverão ser apurados pelas autoridades
competentes. Uma vez que elas apurarem vai haver a caracterização se
houve ou não ilícito real. Até lá qualquer coisa é especulação", afirmou
Stark, que substituiu Adilson Primo, demitido após ter seu nome
envolvido nas supostas fraudes. Ele nega.
Propinas. Questionado sobre pagamento de propina a
autoridades e políticos, Stark, que entre 2004 e 2010 trabalhou na
Alemanha, onde a primeira denúncia interna de corrupção foi feita em
2008, disse que nenhum indício foi constatado pelas investigações
internas da Siemes.
"Nós escrutinamos todos os contratos não só deste período (1998 a
2008), mas do período anterior e posterior e não identificamos nenhuma
evidência concreta, ou evidência forte de pagamento de propina em nenhum
dos contratos da empresa", afirmou.
Os vereadores se mostraram insatisfeitos com as respostas de Stark na
CPI e já aprovaram uma nova convocação do executivo à comissão para
após o recebimento da documentação solicitada pelos parlamentares ao
Cade.
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