A guerra do governo Barack Obama contra os vazamentos
para a imprensa de informações confidenciais está se transformando em
uma ameaça à liberdade de expressão e à democracia, afirmou o Comitê
para a Proteção do Jornalista (CPJ).
Em um relatório baseado em consultas a dezenas de jornalistas, o CPJ
denuncia que as ações do presidente americano vão de encontro a sua
promessa de um governo transparente e aberto.
"Jornalistas e defensores da transparência afirmam que a Casa Branca
limita de forma rotineira a divulgação de informações e usa de seus
próprios meios para se evadir da investigar a imprensa", afirma o
documento redigido pelo ex-editor-chefe do jornal The Washington Post,
Leonard Downie.
"A campanha judicial agressiva contra vazadores de informação e de
programas de espionagem eletrônica dissuade as fontes do governo de
falar com os jornalistas", afirma ainda.
Downie, hoje professor de jornalismo da Universidade do estado do
Arizona, disse que Obama não cumpriu sua promessa de presidir o governo
mais transparente da história dos Estados Unidos.
"A guerra contra os vazamentos (do governo Obama) e outros esforços
para controlar a informação são as medidas mais agressivas já vistas
desde o governo (Richard) Nixon (1969-1974), quando fui um dos editores
envolvidos na investigação do Washington Post sobre Watergate",
acrescenta Downie.
Os jornalistas consultados afirmaram não lembrar de nenhum precedente nesse sentido, enfatizou.
Publicar um relatório sobre os Estados Unidos é pouco comum para o
CPJ, que este ano divulgou documentos sobre Mianmar, China e Egito, mas
que já não falava do país americano há 19 anos.
Segundo o texto, o atual governo americano iniciou mais que o dobro
de julgamentos criminais por supostos vazamentos de informação
confidencial do que todos os outros governos juntos.
O informe também destaca um programa que exige dos funcionários
federas vigiar o comportamento de seus colegas, assim como o suo de
ferramentas judiciais para supervisionar as comunicações eletrônicas dos
jornalistas.
O governo tem usado a Lei de Espionagem em sua tentativa de evitar
novos vazamentos. Essa lei foi utilizada para processar Stephen Jin-Woo
Kim, um funcionário terceirizado do Departamento de Estado que vazou
informações sobre as usinas nucleares da Coreia do Norte a um jornalista
da Fox News, ou Chelsea Manning, antes conhecido como Bradley Manning,
um soldado condenado a 35 anos de prisão por entregar documentos ao site
WikiLeaks.
O CPJ indicou ter enviado suas recomendações a Obama.
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