Estamos celebrando neste 28º Domingo do Tempo Comum o Dia Mundial
das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária. Teremos nesse final
de semana a Coleta Nacional pelas missões católicas. O Santo Padre Francisco enviou
a tradicional mensagem papal para este dia tão especial, convidando-nos a olhar
para a beleza da fé católica, que é a mesma que professamos desde a morte e a
ressurreição de Jesus Cristo, que está vivo no meio de cada um de nós.
Ensina
o Papa Francisco que "a fé é um dom precioso de Deus, que abre a nossa
mente para O podermos conhecer e amar. Ele quer entrar em relação conosco, para
nos fazer participantes da sua própria vida e encher plenamente a nossa vida de
significado, tornando-a melhor e mais bela". Todos deveriam poder
experimentar a alegria de se sentirem amados por Deus, a alegria da salvação.
"O anúncio do Evangelho é um dever que brota do próprio ser discípulo de
Cristo e um compromisso constante que anima toda a vida da Igreja”. «O ardor
missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial» (Bento
XVI, Exort. ap. Verbum
Domini, 95).
Toda a comunidade é «adulta» quando professa a fé, celebra-a
com alegria na liturgia, vive a caridade e anuncia sem cessar a Palavra de
Deus, saindo do próprio recinto para levá-la até as «periferias», sobretudo a
quem ainda não teve a oportunidade de conhecer Cristo. A solidez da nossa fé, a
nível pessoal e comunitário, mede-se também pela capacidade de a comunicarmos a
outros, de a espalharmos, de a vivermos na caridade, de a testemunharmos a
quantos nos encontram e partilham conosco o caminho da vida (Mensagem do Papa,
n. 1).
A
grande necessidade deste Mês Missionário é a renovada consciência da presença
da Igreja no mundo contemporâneo e a sua missão entre os povos e as nações. O
dever missionário é próprio de cada batizado e todas as comunidades cristãs, alargando
a fé: "Por isso, cada comunidade é interpelada e convidada a assumir o
mandato, confiado por Jesus aos Apóstolos, de ser suas «testemunhas em
Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria e até aos confins do mundo» (Act 1, 8);
e isso, não como um aspecto secundário da vida cristã, mas um aspecto
essencial: todos somos enviados pelas estradas do mundo para caminhar com os
irmãos, professando e testemunhando a nossa fé em Cristo e fazendo-nos arautos
do seu Evangelho.
Convido
os bispos, os presbíteros, os conselhos presbiterais e pastorais, cada pessoa e
grupo responsável na Igreja a colocarem em relevo a dimensão missionária nos
programas pastorais e formativos, sentindo que o próprio compromisso apostólico
não é completo se não incluir o propósito de «dar também testemunho perante as
nações», perante todos os povos. “Mas a missionariedade não é apenas uma
dimensão programática na vida cristã; é também uma dimensão paradigmática, que
diz respeito a todos os aspectos da vida cristã" (Mensagem do Papa, n. 2).
O Papa
nos chama a atenção de que os obstáculos à evangelização, muitas vezes, estão
dentro da própria Igreja, quando estão "relaxados o fervor, a alegria, a
coragem, a esperança de anunciar a todos a Mensagem de Cristo e ajudar os
homens de nosso tempo a encontrá-Lo" (Mensagem do Papa, n. 3).
"Devemos sempre ter a coragem e a alegria de propor, com respeito, o
encontro com Cristo e de nos fazermos portadores do seu Evangelho; Jesus veio
ao nosso meio para nos indicar o caminho da salvação e confiou, também a nós, a
missão de fazê-la conhecer a todos, até aos confins do mundo. Com frequência,
vemos que a violência, a mentira, o erro é que são colocados em evidência e
propostos. É urgente fazer resplandecer, no nosso tempo, a vida boa do
Evangelho pelo anúncio e o testemunho, e isso dentro da Igreja. Porque, nesta
perspectiva, é importante não esquecer jamais um princípio fundamental para
todo o evangelizador: não se pode anunciar Cristo sem a Igreja" (Mensagem
do Papa n. 3).
O Papa Francisco ensina que evangelizar nunca é um ato isolado,
individual, privado, mas sempre eclesial. Paulo VI escrevia que, "quando o
mais obscuro dos pregadores, dos catequistas ou dos pastores, no rincão mais
remoto, prega o Evangelho, reúne a sua pequena comunidade, ou administra um
sacramento, mesmo sozinho, ele perfaz um ato de Igreja". Ele não age
"por uma missão pessoal que se atribuísse a si próprio, ou por uma
inspiração pessoal, mas em união com a missão da Igreja e em nome da
mesma" (ibid,
60). E isto dá força à missão e faz cada missionário e evangelizador sentir que
nunca está sozinho, mas é parte de um único Corpo animado pelo Espírito Santo (Mensagem
do Papa n. 3).
Muitos
vivem alheios à fé, indiferentes à dimensão religiosa ou animados por outras
crenças. Muitos batizados se afastam da fé e por isso urge a "nova
Evangelização". Jesus Cristo ainda é desconhecido por muitas pessoas. Devemos
anunciar a boa nova do Evangelho a todas as realidades, levando a esperança, a
reconciliação, a comunhão, o anúncio da proximidade de Deus e da sua
misericórdia, da sua salvação, anúncio de que a força renovadora do amor de
Deus é capaz de vencer as trevas do mal e guiar pelo caminho do bem.
Nós
devemos ser missionários da alegria e da esperança! A Igreja deve transmitir
alegria e esperança a todos os homens e mulheres de boa vontade, passando para
todos e para cada um "tudo o que Deus fizera com eles e como abrira aos
pagãos a porta da fé" (At 14,27), recordando como Paulo e Barnabé, no
final de sua primeira viagem missionária, agiram e que deve ser o nosso agir
cristão.
Junto
com este domingo, a Igreja é chamada a sua solicitude com as Igrejas de todo o
mundo que precisam de nossa ajuda financeira. Será feita em todas as
comunidades a coleta em favor dos "lugares de missão. Sejamos generosos
para com as Igrejas que precisam da nossa ajuda. A missão se faz de casa em
casa, de boca em boca, de coração a coração. Devemos nos abrir ao próximo,
àquele ou àquela que ainda não conhecem o Cristo Ressuscitado ou que vivem
afastados da nossa fé. No passado nós recebíamos missionários "ad
gentes". Agora, principalmente sob o impulso do espírito da JMJRio 2013, e
seu tema, é hora de a Igreja no Brasil retribuir estes gestos bonitos de doação,
enviando missionários para as Igrejas de antiga tradição e para aqueles lugares
que ainda não foram evangelizados.
O que
recebemos de nossos pais, o que cremos com e na Igreja Católica somos chamados,
como batizados, à primeira evangelização de nossa fé: transmitir a beleza da fé
católica a todos. Que possamos, no espírito da nossa fé, rezar pelos
missionários e pelas missões. Sejamos missionários, usando todos os meios de
que dispomos, particularmente os meios de comunicação social e as mídias
sociais. Levemos o ardor de Cristo que, vivo, nos chama a ser missionários!
*Dom Orani João Tempesta é Arcebispo do Rio de Janeiro
0 comentários:
Postar um comentário