A Rádio Livre veicula todos os dias notícias de interesse dos apenados.
Programa é feito em estúdio na Sejus e distribuído para presídios.
Cerca de 5 mil detentos do Ceará ganharam um canal de comunicação direta com familiares e a sociedade. Desde o início do ano eles têm a oportunidade de ouvir, diariamente, a programação da Rádio Livre, uma emissora criada pela Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado (Sejus) que já atinge seis penitenciárias com programação musical, serviços de utilidade pública, dicas de saúde e de leitura, educação, cultura e orientações jurídicas.
A programação da emissora chega às penitenciárias da região metropolitana de Fortaleza, de segunda a sexta-feira, das 8 horas às 19 horas, por meio de caixas de som distribuídas nos corredores e pátios das unidades prisionais.
Um dos programas de maior audiência é o ''Se Intera'' (se liga), um
programa de variedades comandado por Cíntia Corvelo, que cumpre pena em
regime semiaberto em Fortaleza. No programa, são veiculados “spots” com
resumos de novelas, dicas de filmes e serviços de
utilidade pública. Às quartas-feiras, o programa tem uma hora de
duração e, ao vivo, transmite música, dicas de cultura, recados de
parentes e familiares e informações sobre saúde e direito, além de
horóscopo.
Aluna do 4º semestre do curso de história da Universidade Federal do
Ceará, Cíntia nunca tinha trabalhado em rádio até julho deste ano,
quando foi convidada para participar do programa, após ter passado para o
regime semiaberto.
“Meu único contato com rádio foi quando dei
entrevistas por ter sido a primeira interna a usar tornozeleira
eletrônica para cursar a faculdade em março de 2012”, explicou a
locutora que desde junho cumpre pena no regime semiaberto, por coautoria
de homicídio.
Na avaliação de Cíntia, a Rádio Livre
é muito mais do que um veículo de entretenimento e tem uma grande
importância na ressocialização dos detentos, aproximando-os das
famílias.
“A rádio foi muito bem aceita em todas as unidades prisionais e
se transformou em uma ponte entre a liberdade e o cárcere”. Segundo
ela, os quadros do programa com maior audiência, além dos recados dos
familiares, são o horóscopo e o resumo das novelas.
“Algumas unidades
não têm biblioteca, mas eu sempre dou dicas de leitura no programa. O
presídio não pode ser um vazio cultural”, completou Cíntia que recebe
75% do valor do salário mínimo pelo trabalho na rádio.
Por meio da internet, a programação, que é feita no estúdio da Sejus,
chega simultaneamente às Casas de Privação Provisória de Liberdade
(CPPL) II, III, IV de Caucaia, na Penitenciária Francisco Hélio Viana de Araújo, em Pacatuba,
e no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa (IPF).
Para dar mais dinâmica à rádio, os momentos musicais são intercalados
com notícias de interesse dos detentos, atividades programadas, recados e
mensagens de familiares.
Com o slogan “ Rádio Livre, a liberdade está no ar”, a rádio também se
transformou num canal de comunicação eficiente. "Precisávamos chegar de
forma direta aos internos do sistema penitenciário para falar sobre
ressocialização. Muitas vezes, eles só têm atenção dos meios de
comunicaçãopelo viés da violência.
Queríamos mostrar que há espaço para
eles em outras áreas, como educação, saúde, esporte, mensagens de
parentes, assuntos que os conectem com outras realidades e
oportunidades. Acreditamos que o preso pode ser protagonista de uma nova
história", explica a secretária da Justiça e Cidadania do Ceará,
Mariana Lobo.
Projeto da assessoria de comunicação da Sejus, a rádio foi remodelada e
ganhou novo formato em março deste ano. Até então, ela só veiculava
música ambiente e recados de familiares para os internos da CPPL II.
“Além de música, incluímos programas de educação, de orientações
jurídicas, programas de saúde,
notícias, reflexões religiosas e programa de entretenimento.
É
impressionante, mas na hora dos recados, faz-se um enorme silêncio nos
presídios.
Depois de ouvi-los, os internos, batem palmas”, acrescentou o
jornalista.”, informou o jornalista Felipe Sampaio, da Sejus.
Os detentos participam enviando sugestões de programação, pedidos de
música e perguntas aos apresentadores. Em cada unidade prisional onde a
rádio chega há uma caixa onde são depositadas os pedidos dos detentos.
Os familiares também participam ativamente gravando mensagens e recados e
têm acesso à programação por meio da internet, no site da Sejus
(www.sejus.ce.gov.br). A expectativa é de que outras penitenciárias
também recebam o sinal da rádio. A ampliação do projeto prevê a inclusão
do Instituto Penal Professor Olavo Oliveira II e a Casa de Privação
Provisória de Liberdade I.
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