terça-feira, setembro 17, 2013

Após telefonema de Obama, Dilma anuncia hoje se fará viagem de gala aos EUA

Encontro pode ser cancelado após denúncias de que Dilma e Petrobras foram espionadas
A presidente Dilma Rousseff anuncia nesta terça-feira (17) se irá realizar ou não a viagem oficial aos Estados Unidos em 23 de outubro. A definição ocorre um dia após a mandatária e seu chanceler, Luiz Alberto Figueiredo, discutirem o assunto por telefone com o presidente americano, Barack Obama.

Segundo informações do Palácio do Planalto, Obama telefonou para Dilma por volta das 18h30 desta segunda-feira (16), quando a presidente estava reunida com o chefe do Itamaraty. Durante a conversa de 20 minutos, ela disse ao presidente americano que tomará uma decisão hoje.

Na diplomacia, uma visita de Estado tem força simbólica. O encontro é oferecido pelos americanos apenas uma vez por ano a seus sócios mais estratégicos. Assim, o convite feito à presidente Dilma sinaliza a afinidade e o desejo dos EUA em estreitar relações com o vizinho sul-americano.

Mas a visita corre o risco de ser cancelada após as denúncias de que Dilma e a Petrobras teriam sido espionadas pela Agência de Segurança dos Estados Unidos (NSA).

Se isso ocorrer, será uma forma de o Planalto reafirmar sua postura de indignação. Mas, para especialistas , a presidente deve manter a viagem para não prejudicar as parcerias firmadas entre Brasil e Estados Unidos.

Na avaliação deles, Dilma deve continuar cobrando explicações sobre a espionagem, mas sem deixar de lado a relação bilateral entre os países.

Entenda o caso
As relações entre Brasil e EUA se estremeceram há 15 dias após documentos vazados pelo ex-funcionário da NSA Edward Snowden revelarem que a agência monitorou telefonemas e e-mails entre a presidente Dilma e seus principais interlocutores, como assessores e ministros, em junho de 2012.

Os documentos foram repassados por Snowden ao jornalista americano Glenn Greenwald, colunista do diário britânico The Guardian que mora no Rio de Janeiro, e revelados pelo programa Fantástico.
Os documentos da NSA mostravam ainda que o presidente do México, Henrique Peña Nieto, também fora espionado no ano passado, quando ainda era candidato à Presidência.

Após a denúncia, o Brasil pediu explicações formais e por escrito. Naquela mesma semana, Dilma e Obama se encontraram em São Petersburgo (Rússia), durante encontro do G20. Obama disse pessoalmente a Dilma que iria explicar as ações da NSA.
Poucos dias depois, no entanto, novos documentos vazados por Snowden revelaram que a Petrobras também fora alvo de espionagem da agência americana.

O nome da Petrobras aparece em um documento usado em um treinamento de agentes da NSA. Os oficiais americanos teriam acessado rede privadas de instituições variadas como Petrobras, o Ministério das Relações Exteriores da França, o Google e a rede Swift, que reúne vários bancos.
Segundo Greenwald, que revelando esse escândalo mundial desde maio, “ninguém tem dúvidas que os Estados Unidos têm direito de fazer espionagem para proteger a segurança nacional”. Ele critica, no entanto, a espionagem de indivíduos e empresas que “não têm nada com terrorismo”.

Em nota, na semana passada, Dilma disse que, se for comprovada a espionagem contra a Petrobras, as denúncias confirmarão que “o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos”.

A novela continuou na última quarta-feira (11), quando o chanceler brasileiro foi a Washington para se encontrar com a assessora-chefe de Segurança Nacional da Casa Branca, Susan Rice, para ouvir as explicações do governo Obama.

Os esclarecimentos foram apresentados por Figueiredo ontem a Dilma. Nesta terça-feira (17), em mais um capítulo do imbróglio diplomático, Dilma anuncia se vai ou não a Washington para a visita de Estado.
O último presidente brasileiro a receber esse convite foi Fernando Henrique Cardos (1995-2002), em 1995.
Confirmando ou não a viagem, Dilma deve se encontrar com Obama na abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), na próxima terça-feira (24), em Nova York, quando a presidente fará o discurso de abertura do evento.

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