O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral pediu desculpas à população do estado nesta quinta-feira (14), durante audiência na Justiça Federal, no Centro do Rio. Cabral pediu desculpas especificamente por ter usado caixa 2.
"Peço desculpas à população por ter feito uso de caixa dois e de sobra de caixa dois", disse Cabral.
Ele já havia admitido ter usado esse tipo de recurso em audiências anteriores, mas nunca tinha pedido desculpas. O ex-governador nega que pediu propina a empresas, como sustentam o MPF e delatores.
"Tive uma vida muito além dos meus dinheiros lícitos", afirmou.
O ex-governador e seus ex-secretários Hudson Braga (Obras) e Wilson Carlos (Governo) são ouvidos nesta quinta em um processo que os acusa de desvios de R$ 47 milhões em obras como o PAC Favelas, Arco Metropolitano e Linha 4 do Metrô, com base na delação de funcionários da Carioca Engenharia.
"Afirmo ao senhor que fiz consumo pessoal desses recursos [de caixa dois] e afirmo que fiz muito uso nas campanhas eleitorais minhas e de outros", acrescentou o ex-governador, enquanto interrogado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.
Questionado pelo magistrado sobre se teria como provar que gastou o dinheiro em campanhas, Cabral respondeu: "Isso implicaria citar companheiros meus de todas lutas políticas que realizamos ao longo dessa jornada".
Cabral voltou a negar que tenha tratado de propina com Julio Lopes, ex-secretário de transportes e hoje deputado federal. Também negou a cobrança da chamada "taxa de oxigênio", que seria 1% do valor de obras, e classificou as planilhas de Luiz Carlos Bezerra, seu operador, que indicavam apelidos e distribuição de propinas, como "planilhas de bêbado".
O juiz questionou se não seria "coincidência terrível" Cabral ser citado como beneficiário de propina por tantas pessoas no processo. "Não é coincidência, não. Todos que apontaram o dedo para mim tiveram benefício", respondeu. "Só tem um caminho, apontar o dedo para [Sérgio] Cabral. Cadê as provas?", questionou.
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