Padre de Franca foi condenado por abuso sexual e absolvido em 2ª instância.
Lista com cidades envolvidas em casos de pedofilia aparece no fim do filme.
defesa do padre José Afonso Dé, que responde a processo por abuso sexual de adolescentes em Franca (SP), pretende entrar com um processo contra os produtores do filme "Spotlight – Segredos Revelados" após ser citado em uma lista mundial com casos de pedofilia.
A chamada "lista da vergonha" surge logo antes dos créditos finais do filme, que reconta a história verídica de jornalistas do "The Boston Globe" que, em 2002, revelaram como a Igreja Católica acobertou casos de pedofilia nos Estados Unidos. O filme concorre ao Oscar 2016.
Em 2011, o padre foi condenado a 60 anos de prisão e após entrar com recurso foi absolvido em seis das oito acusações que respondia. O sacerdote aguarda em liberdade resposta em relação a um recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), alegando inocência nos dois casos restantes. Se a condenação for mantida, ainda cabe recurso em instâncias superiores.
Segundo o advogado José Chiachiri Neto, uma eventual absolvição plena do padre abre caminho para um processo contra os produtores de "Spotlight". "A partir do momento em que ele for absolvido em sua totalidade, abre a possibilidade dele entrar com a indenização", disse Chiachiri Neto.
"Seria uma indenização por lesão à honra, uma vez que o nome da cidade, o nome do padre teria sido lançado ao mundo através do filme", afirma.
Apesar de padre Dé não ser citado nominalmente, o nome de Franca na lista do filme pode relacionar às suspeitas contra o sacerdote, segundo o advogado. "Franca dentro de um contexto com casos de suspeita de pedofilia, se relaciona ao padre Dé".
Aos 82 anos, o padre mantém orientações a fiéis em sua casa e luta contra um câncer de próstata. De acordo com a Diocese de Franca, desde que as denúncias ficaram conhecidas, o padre Dé foi afastado de celebrações públicas, mas jamais foi desligado da igreja.
Denúncias
O processo contra o padre Dé foi ajuizado em março de 2010, depois que uma denúncia anônima feita ao Conselho Tutelar de Franca deu origem à investigação da Delegacia de Defesa da Mulher.
O denunciante, que não quis se identificar, havia dito que o sacerdote molestava adolescentes na sacristia da igreja onde ele celebrava missas e na própria casa. Os meninos relataram terem sido beijados e acariciados nos órgãos sexuais.
O padre foi afastado das suas funções pelo então bispo de Franca, Dom Pedro Luís Stringhini. Durante a apuração, 31 pessoas foram ouvidas, entre o acusado, as vítimas, mães dos garotos e testemunhas.
De acordo com o advogado do padre, José Chiachiri Neto, dos adolescentes que apresentaram denúncias, oito entraram na ação ajuizada pela Promotoria e foram arroladas em um único processo. Um nona denúncia ficou fora do entendimento de crime.
Dé foi condenado pela 2ª Vara Criminal de Franca a 60 anos e oito meses de prisão por estupro e atentado violento ao pudor em novembro de 2011. Mas, na sequência, a defesa ajuizou um recurso no TJ-SP, que repercutiu na absolvição em seis casos.
Chiachiri Neto confirma que, há mais de um ano, entrou com embargos infringentes no tribunal em São Paulo, para que prevaleça a absolvição integral, conforme voto de um terceiro membro do colegiado.
O filme
Dirigido por Thomas McCarthy, o filme "Spotlight" fala sobre a revelação de um escândalo envolvendo a hierarquia católica em Boston. No filme, os atores Michael Keaton, Rachel McAdams e Mark Ruffalo interpretam os jornalistas do jornal "Boston Globe" que revelaram o caso em 2002.
A investigação permitiu descobrir como a hierarquia católica local, presidida pelo cardeal Bernard Law, acobertou de maneira sistemática e cínica os abusos sexuais cometidos por mais de 70 padres em Boston e seus arredores. Os artigos publicados renderam aos jornalistas o Prêmio Pulitzer, uma dos mais importantes do mundo.
Quase 1,5 mil vítimas testemunharam e o escândalo de pedofilia foi seguido por inúmeras outras revelações envolvendo membros da Igreja por todo o mundo. No fim do filme, uma lista com os nomes de cidades de 101 países aparecem na tela, incluindo as brasileiras Franca, Mariana (MG), Ararapiraca (AL) e Rio de Janeiro
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