sábado, julho 12, 2014

Teste mostra que nova vacina faz reduzir casos de dengue

Foi a melhor notícia que tivemos nos últimos anos a respeito de vacinas contra a dengue. Embora o nível de proteção não seja total, pode ser considerado adequado, principalmente pela diminuição dos casos graves e do número de internações,” comemora o virologista Maurício Lacerda Nogueira, professor do Laboratório de Pesquisas em Virologia da Famerp, de Rio Preto. Ele se refere à divulgação de testes com uma vacina que mostraram redução de 88,5% no número de casos de dengue hemorrágica e em 56,5% a contaminação comum da doença entre crianças em cinco países asiáticos. Foi a primeira vez que uma vacina contra dengue chegou à fase três de estudo clínico, que envolve testes em grande número de voluntários. 

A notícia gera esperança aos rio-pretenses, que nos últimos cinco anos enfrentaram duas grandes epidemias. Em 2010, 12 mortes e 24.198 casos de contaminação foram registrados. Em 2013, foram 12.988 casos e nove mortes. Em 2014, até junho, foram 392 casos e uma morte. O estudo foi publicado ontem na revista científica britânica The Lancet. A vacina, chamada CYD-TDV e desenvolvida pela empresa farmacêutica francesa Sanofi Pasteur, foi submetida a 10.275 crianças de 2 a 14 anos em 12 áreas endêmicas da Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã. Foram aplicadas, no total, três doses da vacina com intervalo de seis meses para cada uma. 

A vacina também está sendo testada em países da América Latina e Caribe, incluindo o Brasil, em cerca de 20 mil voluntários. Do total, 3550 são brasileiros, e os resultados devem ser divulgados no segundo semestre. Os voluntários são de Campo Grande, Fortaleza, Goiânia, Natal e Vitória. Dependendo dos dados obtidos, a Sanofi poderá submeter o registro da vacina à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que possa ser comercializada no Brasil. Os outros países que recebem os testes são México, Colômbia, Honduras e Porto Rico. “Foram submetidos voluntários de 9 a 16 anos, que tomaram a última dose da vacina no ano passado. Estamos em processo de análise dos dados,” disse Sheila Homsani, gerente médica da Sanofi. “Estamos trabalhando há 20 anos nesta pesquisa.” 

A vacina, porém, não demonstrou a mesma eficácia com todos os subtipos da doença. No subtipo 1, a proteção chegou a 50%. Contra o 3 e o 4, a 75%. Já contra o subtipo 2, a proteção foi de apenas 35%. “A menor eficácia ao subtipo 2 é o ponto mais preocupante dos dados. Porém, é preciso os resultados da pesquisa que está sendo realizada na América Latina para sabermos se isso cabe apenas à Ásia ou se estende às Américas,” afirma o virologista Nogueira, da Famerp.

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