A Organização Mundial de Comércio (OMC) concluiu na manhã deste sábado,
em Bali, na Indonésia, o primeiro acordo comercial global em quase 20
anos. É um pacote modesto, que inclui apenas alguns temas da ambiciosa
Rodada Doha. Ainda assim, representa um fôlego para a credibilidade da
OMC.
Cuba e os países "bolivarianos" --Venezuela, Bolívia, Nicarágua--
bloquearam o acordo até o último minuto, reclamando que não fazia
sentido aprovar um acordo para facilitar o comércio, enquanto os Estados
Unidos têm um embargo contra os cubanos. Mas acabaram cedendo.
O pacote de 10 textos é dividido em três temas: desburocratização do
comércio, agricultura e promoção do desenvolvimento dos países pobres.
As estimativas otimistas calculam que o acordo pode gerar um incremento
de US$ 1 trilhão do comércio global --se as medidas para tornar portos e
aduanas mais eficientes foram totalmente implementadas.
"É um acordo ambicioso. Se não fosse, não teria sido tão difícil de
fechar", disse o brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC.
O grande duelo do acordo foi entre Índia e Estados Unidos sobre os
programas de segurança alimentar dos países pobres. O governo indiano
enfrenta eleições em quatro meses e não poderia "abandonar" 600 milhões
de pequenos produtores rurais que dependem da compra de arroz e grãos
pelo Estado. Já os EUA queriam garantias que os programas não se
tornariam um "cheque em branco" para subsidiar.
Os indianos, que resistiram às pressões internacionais, conseguiram o
que queriam. A cláusula de paz --uma espécie de "trégua" para que os
subsídios dos programas de segurança alimentar dos países em
desenvolvimento não sejam questionados na OMC-- vai durar até que os
países cheguem a uma solução permanente para os programas de segurança
alimentar.
![]() |
||
Brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC, faz discurso emocionado após o 1º acordo global em quase 20 anos |
0 comentários:
Postar um comentário