Polícia apreendeu 170 armas na capital só no primeiro semestre desse ano.
Adolescentes assumem autoria para se beneficiar da maioridade penal.
De acordo com a polícia, mais da metade das armas apreendidas no Piauí
estavam nas mãos de menores. Na maioria dos casos eles assumem a autoria
do crime para se beneficiar na maioridade penal. As estatísticas
impressionam. Só no primeiro semestre desse ano, a Polícia Militar fez a
apreensão de 170 armas em Teresina e 60% delas estavam em posse de
menores.
“Falamos em menores tratando crianças e adolescentes, inclusive já
tivemos crianças de 11 anos portando arma de fogo”, disse o coronel Sá
Júnior, Relações Públicas da PM.
Há dois meses uma loja na Zona Sul de Teresina foi alvo de um assalto.
Dois assaltantes entraram no estabelecimento e as câmeras de segurança
filmaram a ação. Um dos criminosos parecia ser menor. A dupla fez um
arrastão levando dinheiro e jóias dos funcionários.
“O maior amor que a gente tem é a vida e daí eles chegam ameaçando
tirar a sua vida se você reagir ou fazer alguma coisa. É bem
complicado”, disse Luter Costar, designer gráfico na loja que foi
assaltada.
No Centro Educacional Masculino (CEM) há pelo menos 53 adolescentes
envolvidos em crimes. Como parte das medidas socioeducativas eles
assistem aulas, participam de oficinas profissionalizantes e são
acompanhados o tempo todo por educadores sociais. Dentro da
instituição, cercada por muros altos, uma descoberta importante: muitos
menores relataram que quando foram apreendidos não portavam armas, mas
assumiram a responsabilidade a pedido de um adulto que comandava a ação
criminosa.
“Existe esse pensamento torto de que o menor não é punido. Que três
para o adolescente não significa nada, mas três anos para um adolescente
significa muito. Então os adultos, por esse senso comum, e entregam a
arma para esse adolescente que acaba assumindo a autoria do crime que
não cometeu”, Otoniel Bisneto, coordenador administrativo do CEM.
Um jovem acabou de completar 19 anos, mas quando chegou ao Centro
Educacional Masculino tinha 17. Uma fase, que para ele foi bastante
complicada agora é motivo de arrependimento. “Perdi a minha
adolescência quase toda e muitas amizades por causa desses problemas de
anda na vida da criminalidade. Não tem futuro não. Viver na
marginalidade só tem dois caminhos: estar aqui nesse centro ou o outro
pior, que é a morte”, avaliou o jovem.
0 comentários:
Postar um comentário